sexta-feira, 4 de junho de 2010

Poluição do ar e doenças respiratórias

Embora saiba-se de longa data que o fumo é o principal poluente de ar lesivo às vias respiratórias, ainda não se estabeleceu o mesmo consenso a respeito dos efeitos dos demais poluentes atmosféricos sobre a saúde. Nesta matéria, buscou-se organizar as referências recentes a respeito de ação de diversos agentes poluidores sobre a saúde respiratória, tais como as partículas em suspensão, os óxidos de nitrogênio, os sulfatos e o ozônio, entre outros. A maioria dos estudos baseou-se em dados de mortalidade, sobretudo de adultos, apesar de já existirem trabalhos que investigam também os efeitos na morbidade, tanto de adultos quanto de crianças. Os primeiros estudos foram feitos em Londres e, posteriormente, em Nova York, mas atualmente inúmeros outros grupos canadenses, norte-americanos e europeus têm se debruçado sobre a questão. Tentou-se ainda rever os vários estudos nacionais a respeito do tema, de modo a fornecer um panorama geral dos conhecimentos disponíveis até o momento.

Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos e que torne ou possa tomar o ar:
• Impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;
• Inconveniente ao bem estar público;
• Danoso aos materiais, à fauna e flora;
• Prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade (Conama, 1990).

O principal poluente do ar que lesa as vias respiratórias, nas sociedades urbanas contemporâneas, é o fumo. Embora fosse suspeitado desde longa data como responsável por inúmeros danos à saúde, foi particularmente a partir da década de 50 que começou a se estudar, de modo exaustivo, os efeitos do tabagismo. Os trabalhos de Doll & Hill (1954), hoje clássicos, comprovaram, a importância do cigarro no aumento dos casos de câncer de pulmão, fato este que já se tornou de domínio público, tão forte foi a associação encontrada. Sabemos hoje que o hábito de fumar contribui de modo significativo não apenas para as neoplasias das vias respiratórias (boca, laringe e pulmão), mas também para diversas outras neoplasias, tais como de bexiga, rim, pâncreas, esôfago, estômago, etc. (Fielding, 1986). Por outro lado, as doenças pulmonares obstrutivas crônicas (asma, bronquite e enfisema), bem como doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, angina pectoris e infarto do miocárdio, por exemplo), têm no fumo importante agente etiológico. Entretanto, percebeu-se, bem mais tardiamente, que o fumo, além de prejudicar os fumantes em si, também afetava os não-fumantes, através do que se convencionou denominar "fumo passivo".

Além do cigarro, outros agentes podem poluir o ar que se respira em casa, originando a poluição domiciliar. São eles a fumaça produzida pela combustão de biomassa (lenha, folhas, esterco, etc) particularmente importante nas áreas rurais, os produtos gerados pela combustão do gás de cozinha (para a preparação de alimentos, para o aquecimento de água e da própria casa), pesticidas e solventes empregados para limpeza, asbestos utilizados para isolamento contra incêndios, etc. (Last, 1986; Pandey, 1989). Estes poluentes tornam-se tão mais importantes quanto mais diferente é o ambiente doméstico com relação ao ar externo.

Fenômenos ligados à pressão atmosférica também interferem na poluição do ar. Normalmente, devido ao decréscimo de pressão com a altura, as parcelas de ar situadas a altitudes maiores encontram menor pressão, se expandem, e portanto, se resfriam. O acúmulo de dióxido de carbono, proveniente da queima de combustíveis fósseis, também causa alterações em toda a atmosfera, através do "efeito estufa", o que pode, a médio prazo, refletir-se nas condições de vida da espécie humana sobre a Terra.

Ainda quanto às condições meteorológicas, uma questão importante é a da chamada "inversão térmica". Nos meses de inverno, sob condições de calmaria (ausência de ventos) e céu claro, ocorre perda de calor por radiação durante a noite, o que faz com que o ar em contato com o solo se resfrie e se torne mais denso do que a camada de ar imediatamente acima. Com o aumento da camada fria, os gases e fumaças poluídos ficam então "presos" na interface de uma camada quente e outra fria. A situação normal (queda da temperatura do ar com o aumento de altitude) é assim revertida, o ar frio ficando abaixo de uma "tampa" de ar quente e poluído, o que gera o fenômeno da dita inversão térmica, que surge acompanhada de camadas de denso nevoeiro a baixa altitude (Holland et al., 1979). Também a umidade relativa do ar e a luz solar interferem nas reações químicas que envolvem os poluentes. Assim, o dióxido de enxofre e os óxidos de nitrogênio, emitidos sob a forma de gases, podem ser convertidos, respectivamente, em sulfates ou nitratos, aumentando a carga total de partículas em suspensão.


Ciclo da poluição atmosférica.

Fonte: http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X1992000300010&script=sci_arttext

Agora deixo uma pergunta a todos:

Até quando nossa saúde vai ficar vunerável por causa dessa poluição? Construir indústrias, casas, edifícios, poluir o ar com fumaças em geral, são ações mais importantes que a nossa própria saúde? O que poderíamos fazer para mudar essa realidade tão preocupante? Pense nisso.

=]

Um comentário:

  1. o mundo é nosso e das futuras gerações, o que fazer se nós nao preservamos e nao deixamos que os outros tenham escolha de preservar ou nao ? o que fazer se tiramos a oportunidade de muitos viverem em paz futuramente e de escolherem em maltratar tanto o meio ambiente como nós fazemos ? !

    ResponderExcluir