quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lixo pode virar energia em São Bernardo

A Prefeitura de São Bernardo anunciou ontem a construção da URE (Usina de Recuperação de Energia), que vai ocupar a área do antigo Lixão do Alvarenga e gerar energia através do processamento de resíduos sólidos.

A usina será preparada para receber 1.000 tonelada de lixo por dia, por meio do SPAR (Sistema de Processamento e Reaproveitamento de Resíduos), o que vai resultar na geração de 30 megawatts de energia - o suficiente para suprir as necessidades de 150 mil residências ou de 300 mil pessoas.

Atualmente, São Bernardo possui 811 mil habitantes, que residem em 220.057 imóveis, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes a 2009. A média de produção de resíduos na cidade é de 700 toneladas por dia. Com o aproveitamento do lixo, será possível abastecer mais da metade dos domicílios.

De acordo com o secretario de Planejamento Urbano de São Bernardo, Alfredo Buzzo, as diretrizes para a criação do SPAR (veja quadro acima) foram definidas durante a 1ª Conferência Municipal de Saneamento Ambiental, realizada sábado. "No evento discutimos as metas para a reutilização dos resíduos e acabamos fechando o projeto", explicou o secretário.

Segundo Buzzo, a construção da usina deve ser iniciada no ano que vem e está orçada em R$ 220 milhões. Os recursos virão da iniciativa privada.

"O próximo passo é a abertura de um termo de referência, que estará no site da Prefeitura nos próximos dias, para que a população possa opinar e dar sugestões sobre a usina."

Depois, será elaborado o edital e a proposta será discutida em uma audiência pública. "Dentro de dois meses, pretendemos que as licitações para a construção já estejam abertas", ressaltou Buzzo.

ENERGIA - Hoje, a cidade recicla apenas 1% das 700 toneladas de resíduos sólidos produzidas diariamente. Com a usina, a meta é que esse aproveitamento seja de 10%. "Os outros 90% de lixo passarão por um processo de separação e tudo o que for orgânico vai ser transformado em energia." O restante do material, considerado inorgânico, será incinerado.

Buzzo destaca que o processo foi pensado sem que haja danos ao meio ambiente. "Toda energia gerada na usina por meio de incineração será limpa e poderá ser comercializada no mercado empresarial ou mesmo para reduzir os gastos municipais." Depois da construção, a expectativa é que a usina comece a operar em um ano.

Antigo Lixão do Alvarenga será despoluído


A usina ocupará cerca de 30 mil metros quadrados do antigo Lixão do Alvarenga, que fica na divisa entre São Bernardo e Diadema. O local foi usado indevidamente pelas prefeituras de 1971 a 2001 para depósito de lixo, entulho e resíduos industriais.

Antes da construção da usina, a administração precisa iniciar e concluir o processo de tratamento e descontaminação da área.

A despoluição do Lixão do Alvarenga custará em torno de R$ 20 milhões aos dois municípios, sendo cerca de R$ 17 milhões a São Bernardo, que detém 85% da área, e R$ 3 milhões a Diadema, que utilizou 15% do espaço. "Faremos a canalização para drenagem dos gazes e captação do chorume gerados pelo lixo depositados no lixão. O projeto está em fase de finalização e, até setembro, a remediação será iniciada", explica o secretário de Planejamento Urbano, Alfredo Buzzo.

"Vamos conseguir atingir a meta de despoluir a área até 2011."

O Lixão do Alvarenga foi fechado em julho de 2001 pela Prefeitura de São Bernardo. Ali, viviam cerca de 90 famílias de baixa renda, inclusive crianças, trabalhando sobre o lixo urbano, industrial e resíduos da construção civil na década de 1980. O projeto de descontaminação só começou a ser discutido em 2000, quando os municípios assinaram um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público. De lá para cá, pouca coisa mudou. "Agora, com a construção da usina, temos um motivo a mais para a breve regularização da área", salientou Buzzo.

Fernanda Borges
Do Diário do Grande ABC

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