terça-feira, 10 de agosto de 2010

Poluição Urbana - Relatório I

A questão sobre a poluição do espaço e meio em que vivemos tem gerado polêmicas significativas somente nos últimos tempos, mais precisamente, nas últimas décadas. A ocupação desordenada de áreas concentradas dos centros urbanos tem gerado discussões sobre a falta de planejamento urbano, questão presente em âmbito nacional, e suas conseqüências para os meio sociais e urbanos, englobando escalas públicas e privadas.
Diante dos processos de industrialização e crescimento urbano, tornou-se crescente a busca por modelos que compatibilizem o desenvolvimento econômico com uma efetiva manutenção da produtividade dos recursos naturais, como também da qualidade ambiental e social. Questões, antes ignoradas, como a valorização das culturas e preservação da identidade local de uma população, vêm sendo colocadas em pauta para discussão pública como necessidade geral de uma população.
Nos últimos tempos, a conservação da natureza passou a ser compreendida como sendo o resultado do uso racional do meio ambiente, de modo a permitir uma produção contínua dos recursos naturais renováveis e a otimização do uso dos recursos não-renováveis, a fim de garantir uma melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras. Sob este enfoque, a dimensão ambiental tornou-se uma variável essencial aos programas de desenvolvimento.
Em volta dessa discussão a cerca da preservação da natureza, temos ligada intrinsecamente a questão dos resíduos produzidos pela vida cotidiana atual. A questão do consumismo desenfreado e suas raízes sociais têm mobilizado diversos estudos, envolvendo áreas distintas, promovendo a integração e transposição de barreiras antes identificáveis. Questões, como por exemplo, de saúde, já não são somente estruturadas para esta área, tendo conseqüências e motivações financeiras. Este exemplo mostra a transposição destas divisões, identificadas no estruturalismo da sociedade moderna, assim como acontece com outros assuntos e discussões.
O livro “As três ecologias”, de Guatarri, contextualiza e explicita essa questão do comportamento e ações humanas que interferem diretamente na dinâmica social de um espaço, envolvendo questões não somente sociais, mas também ambientais. Fazendo um paralelo com a discussão abordada pelo autor, a sociedade contemporânea tem transpassado as barreiras, antes determinadas e fixadas (consideradas estáticas), alternando entre pensamentos e ações contraditórias, causando um certo “desconforto”, pois a diversidade ainda não é bem aceita nos parâmetros atuais. Os conflitos estão deixando de ter, pouco a pouco, a conotação negativa que foi cultivada por muito tempo, dando espaço para uma aceitação da diversidade de pensamentos e ações humanas.
A ocupação sem um planejamento prévio, como aconteceu na grande São Paulo, traz consigo uma serie de conseqüências que atingem e afetam diretamente aqueles que compõem a base da sociedade. Tais locais que são ocupados inadequadamente apresentam questões sociais urgentes, que quase sempre ficam às margens das discussões políticas, são ignoradas, gerando uma serie de problemas em escala exponencial. Estudos mostram, que somente na Grande São Paulo, mais de 17 mil pessoas vivem sobre o lixo, em condições, muitas vezes de subsistência, sem nenhuma assistência significativa, que talvez possa alterar minimamente essa situação. As condições de insalubridade e riscos vêm sendo aceitas pela população, que sem atitudes concretas, assistem de perto as dificuldades e tragédias ocasionadas, mas sem exigir atitudes concretas, e muito menos fazem alguma coisa. A questão da ética e moral podem ser citadas, mas na maioria das vezes não passam de meras discussões psicológicas individuais, sendo então esquecidas e deixadas à margem de temas que são considerados mais importantes.
Então, neste enfoque do projeto, estudaremos como a falta de planejamento e ocupação dos arredores de lixões na Grande São Paulo tem sido discutida e quais são suas possíveis raízes, visando tomar ações futuras para que, de fato, algo possa começar a ser feito.

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